Sejam todos muito bem-vindos!





quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Reprodução Humana

Hoje passamos em uma consulta para saber se faremos algo para tentar preservar minha fertilidade:
Existem 3 opções, basicamente:
1) Guardar tecido ovariano
2) Guardar óvulos ou embriões
3) Uso de Zoladex

Todas têm vantagens e desvantagens a serem consideradas:

1) Guardar tecido ovariano é um procedimento invasivo (por laparotomia ou laparoscopia), que necessita de anestesia e como é um método novo, os índices de sucesso giram em torno de 10 a 20% de chance de ter um bebê. A vantagem é que é mais rápido que a estimulação ovariana.

2) Guardar óvulos ou embriões é um método mais antigo e praticado em quase todo mundo. As chances giram em torno de 20 a 30%. O inconveniente é que precisa de, pelo menos, 2 semanas para fazer a estimulação ovariana, tendo o cuidado de não utilizar estrogênio, mas sim outros métodos. Há também o problema ético-religioso do que fazer com os embriões que sobrarem. Legalmente, hoje em dia, após 3 anos da decisão do casal de não mais utilizá-los eles podem ser doados para outro casal, doados para pesquisa ou descartados.

3) O uso do Zoladex tem por objetivo colocar a mulher em estado de menopausa, ou seja, os ovários ficariam protegidos durante a quimioterapia. O problema é que não há evidência científica que comprove seu valor.

De modo geral o preço também é bem alto para qualquer um desses procedimentos.

O que o médico da reprodução humana me orientou é fazer as três coisas, que somariam uma chance de 50% de sucesso.

O problema é o atraso na quimioterapia, que pode levar até 3 semanas. Então quando eu deveria estar no segundo ciclo, estaria fazendo o primeiro ainda. Não há um consenso entre os médicos sobre isso. Uns dizem que não serão 2 ou 3 semanas que mudarão o rumo das coisas, visto que o tumor já está instalado há mais de 1 ano, pelo menos. Outros são mais enfáticos e não aceitam a possibilidade de esperar, pois dizem ser perigoso e querem iniciar a quimioterapia o quanto antes.

Eu sinceramente não sei... Sinto falta de algum profissional que ajude nessa decisão. Às vezes sinto que ninguém quer se comprometer... Sem dúvida que a decisão é minha, mas simplesmente falar nem que sim e nem que não, não ajuda em nada. Muito pelo contrário...

Diante do médico da reprodução humana tenho a impressão que é tranquilo e que realmente não fará diferença para o tratamento e estarei assegurando a possibilidade de ter outros filhos... Diante do oncologista clínico tenho a impressão de estar fazendo ou querendo algo errado, que é uma ação inconsequente que pode me colocar em risco...

Já temos tanta coisa para pensar numa situação dessas... Ainda por cima o Daniel não está bem de saúde. Espero tomar a decisão certa. Que Deus me ilumine e conduza as coisas nesse momento. É só o que eu quero agora.

sábado, 23 de outubro de 2010

Festa de Aniversário da Empresa - 23.10.10

Estava bem desanimada de participar dessa festa, mas pela manhã fiz uma aula de volante lá na Penha e dei uma animada.
O Fernando deixou o carro e eu dirigi ainda mais, pela tarde, com minha cunhada Virgínia, que está me ajudando e me dando dicas legais.
Quando chegou a hora de ir arrumar o cabelo não tive dúvidas: fui sozinha dirigindo pela primeira vez! Foi tudo tranquilo. Cortei o cabelo pela segunda vez essa semana. Claro que achei que ele cortara demais (só para não perder o costume!). Mas é preciso que eu me acostume.





O Fernando foi comigo no jantar, mas ficou esperando num restaurante lá perto mesmo.
Logo que cheguei encontrei os chefes, que sabiam do que estava acontecendo. A médica que havia autorizado o exame conversou comigo por uns instantes, ofereceu-me algumas perucas que haviam pertencido à mãe dela (achei esse gesto muito bonito), pois ela estava guardando para algo especial.
O médico que laudou a Ressonância Magnética das Mamas também foi atencioso, enfatizou que marcássemos um horário para ele ver todos meus exames. E um outro médico, que acompanhou a realização do exame também conversou comigo sobre o tratamento...
Durante a festa foi muito engraçado, pois havia 2 tipos de conversas: quem sabia que eu estava com câncer me perguntava sobre isso com um olhar de tristeza, quem não sabia (que era a maioria) perguntava sobre a faculdade, meu filho e como eu estava fazendo para dar conta de tudo...
Jantamos, tiramos fotos, rimos... Foi bom reencontrar minhas amigas de trabalho. Uma delas, a Nice está grávida de 8 meses, uma graça.
Eu não tinha vontade alguma de comer aquelas coisas, mesmo estando morrendo de fome... Só bebi água e comi um pouco de salada e de uma torta de queijo. A carne estava salgada demais. Sempre ficava pensando que aquilo não me faria bem e não tive vontade de comer.
Depois do jantar ficamos vendo a retrospectiva das festas anteriores, e é claro que eu não estava em nenhuma delas...
Como o Fernando estava passando mal logo fui embora.
Foi bom ter aproveitado esses momentos, afinal eles são sempre tão prestativos comigo, sempre dispostos a me ajudar... Já fui atendida em tantos favores e pedidos que já perdi as contas... No dia que tivermos que acertar, vai ficar caro... rsrs
Louvo a Deus pela vida e pela generosidade de cada um deles.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Oncologia Clínica - 22.10.10

Eu estava indo para a consulta com o oncologista clínico, quando o mastologista que eu estou participando da tese me ligou para dizer que o imunohistoquímico havia ficado pronto.
Peguei o resultado e passei em uma consulta oficial com ele, pois infelizmente a mastologista se desligou do hospital e ele que vai conduzir meu caso agora.
Conversamos bastante, ele anotou todos os resultados, mediu o tumor (6,5cm ao exame físico) e fiquei de mandar-lhe um e-mail.
Depois foi a vez de passar com o oncologista clínico, passei primeiro com o residente. Contei toda a história desde o início... Depois ele passou o caso para o meu professor.
Ele veio até o consultório, sem muitas novidades além do que já havíamos conversado na terça-feira dia 19.10.10 após a prova de oncologia.
Farei 6 sessões de quimioterapia, três de cada cada combinação de drogas, depois poderei fazer a cirurgia. Depoi vem a radioterapia e finalizando com a hormonioterapia por 5 anos.
Ele já adiantou que meus cabelos irão cair e sugeriu que eu os cortasse bem curtos (até mesmo raspasse) antes de começarem a cair, pois quando isso começa a ocorrer (lá pelo 15º dia após a primeira quimioterapia) o couro cabeludo passa a ficar muito sensível e dolorido, ficando mais difícil de raspar.
Mas na última terça-feira já comecei a cortar, esse é meu novo visual:

Vou começar com FEC:
FluoroUracil (5-FU) ------------- 834mg
Epirrubicina (Farmorrubicina) -- 166,8mg
Ciclofosfamida (Genuxal) -------- 834mg
Ondansetrona 8mg/4ml --------- 16mg (esse é para náuseas e vômitos)

Ele marcou para começar dia 29.10.10. Vou preferir fazer de sexta-feira, pois assim nos primeiros dias estarei em casa.
Sai bem triste da consulta, mesmo sabendo de tudo previamente. Mas agora é diferente, está cada vez mais perto a realidade de me ver sendo transformada pela doença, que até se faz bem silenciosa, mas pronta para dar o bote.
Nem tive ânimo para dirigir hoje.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Exames

Nesses dias que se passaram fiz muitos exames para o chamado estadiamento do câncer.
O estadiamento visa verificar a extensão das lesões provocadas pelo tumor.

T de tamanho
N de linfonodos comprometidos
M de metástases

No meu caso ficou como T3 N1 M0 (tamanho do tumor grande, comprometimento da cadeia linfonodal axilar e nenhuma metástase).
Terça-feira dia 19.10.10 pegamos todos os resultados e com a Graça de Deus nenhum foco de comprometimento secundário, ou seja, nenhuma metástase.
Agora só falta um exame que é complementar à biópsia, que é o chamado perfil imunohistoquímico. Ele que indica qual o tipo de tumor, se é responsivo a hormônios e isso serve para determinar os tipos de medicações a serem utilizadas.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Meu aniversário de 30 anos - Praia de Tabatinga



Meu cabelo era assim...

Praia

Mesmo saindo a noite e depois de uma biópsia na mama e na axila ainda tive ânimo de viajar. Não por mim, mas pelo Daniel, que desde a Páscoa não parava de falar que queria ir para a praia.

Resolvemos viajar por ele, para comemorar meu aniversário de 30 anos, talvez a despedida de uma vida 'normal' e quem sabe nos fortalecer para o que está por vir.

Chegamos na segunda mais de meia-noite e já fomos dormir.



No dia seguinte o Daniel estava muito animado para ir para a praia. Mal podia esperar tomarmos café.

Demos de presente para ele uma escavadeira com um trator... Ele adorou e já levou para a areia junto com o caminhão, o balde, as pás... Tanta coisa.

Para nossa surpresa aquela praia com ondas tão calmas, de água quentinha e areia lisinha que encontramos na Páscoa havia desaparecido. Agora as ondas eram mais fortes, a água era fria e a areia bem grossa... Acho que devido à época do ano, mudança de estação, sei lá.



O fato é que nada disso impediu nosso pequeno de se divertir.

Aproveitamos bastante essa terça-feira. O difícil era convencer o Daniel de perder um pouco de tempo para poder comer ou beber alguma coisa...

Mas comecei a ficar preocupada, pois ele já estava com uma tosse seca desde antes de viajarmos. Agora a tosse se tornara produtiva, ele começou a 'chiar' e ficar febril. No jantar ele não aguentou e dormiu.



Como os sintomas começaram a se exacerbar levamos ele ao posto médico que fica dentro do condomínio onde estávamos hospedados. Chamar de posto médico é ser bem simplista, pois era praticamente um mini-hospital. Graças a Deus o médico de plantão era muito competente, pela percussão disse que parecia ter uma área de comprometimento. Ele fez inalação e conseguimos dormir.

No dia seguinte apenas passamos um tempinho logo cedo na praia e já fomos embora. Estava frio, ventando muito e como ele não estava mais tão animado, nem disposto a entrar na água achamos melhor ir direto para o hospital.

Esperamos 2 horas para sermos muito bem atendidos por uma médica pediatra e pneumologista formada na 15ª turma de Mogi. Como diz meu professor de pediatria sempre encontramos um Jacaré por ai... Me senti bem segura e não é que aquele médico estava certo: havia realmente um foco de opacidade exatamente onde ele dissera!

Chegamos bem tarde em casa, mas foi uma boa viagem.

Por alguns instantes diante daquele mar tão bonito tinha a impressão que não estava acontecendo nada de anormal comigo. Que minha vida estava se seguindo. Que nós apenas estávamos descançando da correria de sempre: faculdade, plantões, cuidados da casa e do Daniel... Maldita doença escondida, que não mostra sua cara e que nos faz ter esse tipo de impressão de normalidade, enquanto nos deteriora do pior modo possível.





quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A. C. Camargo

No dia seguinte ao diagnóstico passei com meu professor no Hospital do Câncer A. C. Camargo. Ele me apresentou a uma mastologista que amei, senti também muita confiança nela.
Ela fez toda documentação para que eu pudesse ser atendida no hospital. Conversamos bastante e como meu professor já havia dito, provavelmente, faremos primeiramente uma quimioterapia neoadjuvante, ou seja, ela é feita antes da cirurgia. Com isso, mantendo o tumor ainda no organismo, é possível verificar se as medicações usadas na quimioterapia estão sendo eficazes.
Fiquei um pouco insegura, mas aos poucos fui lembrando das aulas que tive esse ano na disciplina de oncologia e fiquei mais tranquila.
No dia seguinte já tivemos a resposta positiva e na quinta-feira já passamos em uma consulta oficial com a mastologista. Ela me inscreveu numa tese de mestrado de outro mastologista que é sobre o PET SCAN.
No dia seguinte já realizei ess exame que serve para verificar se há atividade metabólica em algum foco do organismo, indicando metástases.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O resultado

Fizemos a mesma sequência: assisti à aula de pediatria e depois fomos para o hospital.
Por um momento, durante o percurso, pensei que não seria nada...
Ela estava séria e disse que o resultado era carcinoma ductal invasivo.
Na hora o Fernando já começou a ficar mal... Eu continuei as perguntas e ela foi descrevendo o que poderíamos fazer lá mesmo no hospital, mas que se eu quisesse fazer em SP, não havia problema.
Saimos da consulta e fomos ao guichê de agendamento.
Já liguei para o hospital onde eu trabalhei para falar com uma médica que é sócia, pois agora aquela Ressonância de Mamas tinha que ser feita urgente... Muito solícita ela permitiu já para o dia seguinte.
No meio de tantas ligações para conseguir alguns telefones, minha mãe ligou para saber o resultado. Ai não aguentei mais e chorei. Era triste dar essa notícia a ela, pois temos tantos casos na nossa família de perdas por câncer que era o que ela deveria imaginar...
Liguei também para meu professor de oncologia. Muito atencioso também ele me pediu que eu fosse para o seu consultório.
Antes passamos na clínica do meu professor de imagem e fiz um Ultrassom de Abdome total, que deu normal, graças a Deus.
Chegamos ao consultório dele e quando ele ouviu o resumo da minha história enquanto me examinava ele disse: "Mas eu já não falei para vocês que ginecologista não sabe nada de mama?" Eu disse que não, pois ainda não tivemos essa aula ainda...
Ele disse isso porque eu já tinha esse nódulo em Dezembro de 2008. E não foi feito nada...
Hoje foi um dia muito tumultuado, não sei o que pensar.

sábado, 2 de outubro de 2010

Convênio

Convênio médico é bom...
Até o dia que você precisa dele...

Hoje estava agendada uma Ressonância Magnética das Mamas. Quando liguei para lá eles disseram que pegariam a senha de autorização na hora. Eu ainda confirmei essa informação ao receber uma ligação do laboratório para confirmar minha presença.
Não deu outra, chegando ao laboratório fui informada que não faria o exame porque o convênio precisa de 5 dias úteis para autorização.
É tanta falta de nexo, como pegar a senha no momento do exame se eles somente a liberam em 5 dias?
Quem sabe os portugueses encontram resposta para isso...

Carro novo!!!

Em meio a tantas coisas, finalmente uma coisa boa: nosso carro chegou!
Já dei até uma voltinha no quarteirão, que foi o máximo que consegui que o Fernando concordasse...